O que fazer em Alter do Chão: 10 experiências para mergulhar na Amazônia Paraense
- Renata Maximina Paiva
- há 2 dias
- 7 min de leitura
Alter do Chão, no coração do Pará, é um dos destinos mais singulares do Brasil. Suas praias de água doce, florestas alagadas, trilhas em meio à mata e comunidades ribeirinhas formam um mosaico de vivências que encantam quem busca natureza, cultura e profundidade.
Se você quer ir além da superfície e descobrir o que realmente vale a pena fazer por lá, esse guia com 10 experiências essenciais é pra você.
1. Curtir o dia na Ilha do Amor
O cartão-postal mais conhecido de Alter aparece em sua forma completa durante a estação seca (geralmente de agosto a dezembro), quando a areia branca desenha uma ilha no meio do Rio Tapajós. O acesso é feito por pequenas embarcações que cruzam o rio a partir da orla da vila. Na ilha, barracas rústicas oferecem peixe fresco, cerveja gelada e o tradicional açaí.
Além de ser perfeita para um banho longo e preguiçoso, a Ilha do Amor é ideal para caminhadas e contemplação. Dá para explorar o contorno da ilha a pé, descobrindo trechos mais isolados onde a mata encontra a água, ou simplesmente estender a canga e aproveitar o tempo passar em um dos pontos com sombra. O pôr do sol visto de lá é um espetáculo que vale cada segundo de espera: a luz dourada refletida na água do Tapajós cria uma paleta de cores que vai do laranja ao lilás, com os barquinhos ancorados completando a paisagem como em uma pintura viva.
Na época de transição ou durante a cheia (janeiro a julho), a ilha fica parcialmente ou totalmente submersa, mas isso não significa que ela perde o encanto. Mesmo alagada, a Ilha do Amor continua sendo um dos principais pontos de banho, com suas águas mornas e transparentes. Algumas barracas se adaptam, oferecendo mesas e cadeiras dentro d’água, o que transforma a experiência em algo ainda mais único.

2. Remar pela Floresta Encantada
Durante a cheia (entre janeiro e julho), a floresta às margens do Lago Verde revela sua face mais mágica: com o aumento do nível das águas, a mata se transforma em um labirinto submerso, onde galhos, troncos e raízes passam a coexistir com canoas e remos. É nesse cenário que nasce a Floresta Encantada: uma experiência profundamente sensorial.
O passeio pode ser feito em canoa ou caiaque e esse passeio é especialmente recomendado para quem busca contemplação, introspecção e contato íntimo com a floresta viva. A Floresta Encantada não é apenas um lugar: cada detalhe contribui para uma sensação de imersão profunda com a natureza.
3. Fazer trilha até a Serra da Piraoca
Para quem aprecia caminhadas com recompensa visual, a trilha da Serra da Piraoca é uma das experiências mais marcantes em Alter do Chão. Localizada no extremo direito da Ilha do Amor, ela começa com uma pequena travessia de barco e segue por um caminho de terra batida, cercado por vegetação nativa e trechos mais abertos, que permitem observar o entorno desde o início da subida. O percurso até o topo leva em média 45 minutos, com trechos de inclinação moderada e algumas partes mais íngremes, exigindo preparo físico básico e atenção com o calor e os insetos.
Ao chegar no cume, a paisagem se descortina em 360 graus: o Rio Tapajós com sua imensidão azul-turquesa, o espelho d’água do Lago Verde e as formas delicadas da vila de Alter se estendem até onde a vista alcança. Em dias de céu limpo, o horizonte parece não ter fim. O mirante natural da Serra é um excelente ponto de observação para os contrastes do bioma amazônico: a floresta, os rios, as praias de areia clara e a ocupação humana em equilíbrio delicado com a natureza.
4. Visitar as praias do Rio Arapiuns
O Rio Arapiuns, afluente do Tapajós, é menos conhecido, mas guarda algumas das praias mais bonitas da região. As águas são limpas, mornas e cercadas por mata preservada. As praias do Icuxi, Toronó e Ponta Grande são alguns exemplos.
O acesso é feito por voadeiras (pequenas lanchas) e muitas vezes inclui paradas em comunidades ribeirinhas que oferecem almoço, rede para descanso e artesanato local. Um passeio de dia inteiro, longe do movimento da vila.

5. Fazer o passeio pelo Canal do Jari
Um dos tours mais ricos em biodiversidade, o passeio pelo Canal do Jari leva por entre igarapés e igapós. Com sorte, é possível avistar botos, preguiças, macacos e muitas aves.
A paisagem muda constantemente, revelando vitórias-régias, árvores centenárias e pequenos canais que parecem saídos de um sonho. É uma experiência contemplativa, que mostra a Amazônia viva e pulsante.
Além da beleza natural, o passeio ganha um toque especial com a presença de Dona Dulce, uma figura local admirada por todos: Dona Dulce é conhecida por sua habilidade na cozinha e por preparar pratos típicos usando a Vitória-Régia, um dos ícones da flora amazônica.
Seus quitutes são verdadeiramente inesquecíveis, oferecendo uma verdadeira imersão no sabor e na cultura da Amazônia.

6. Conhecer o Turismo de Cura
O Turismo de cura na Costa do Macaco, em Santarém, proporciona uma imersão profunda nos saberes tradicionais de uma comunidade ribeirinha, preservando práticas curativas que atravessam gerações. Entre as experiências mais emblemáticas estão a puxada de mãe e o banho de ervas.
A puxada de mãe é uma técnica terapêutica de massagem realizada com óleos naturais extraídos de plantas amazônicas. Esse ritual não só alivia tensões musculares, mas também promove o equilíbrio energético do corpo, proporcionando um bem-estar imediato. O banho de ervas, por sua vez, é preparado com plantas medicinais locais, oferecendo uma limpeza profunda da energia, restaurando a vitalidade e induzindo um estado de relaxamento único.
Esses rituais são conduzidos por Dona Nete, uma figura carismática e respeitada da comunidade, que transmite com carinho e sabedoria os conhecimentos ancestrais da região. Ela, como guardiã dessas práticas, torna cada experiência ainda mais especial, criando uma conexão verdadeira entre os visitantes e as raízes culturais da Amazônia. Mais do que uma cura física, esse turismo representa uma jornada de autoconhecimento e de reconexão com as tradições culturais, em um dos cenários mais ricos do planeta.
7. Explorar a Floresta Nacional do Tapajós (FLONA)
A Floresta Nacional do Tapajós (FLONA), localizada a cerca de 1h30 de Alter do Chão, é um verdadeiro tesouro natural e cultural. Com mais de 500 mil hectares de floresta preservada, ela é uma das maiores áreas de floresta tropical acessíveis a visitantes no Brasil. A entrada para a FLONA é geralmente feita pela comunidade de Jamaraquá ou Maguari, um ponto de partida que, além de ser o acesso ao parque, também é um exemplo de turismo de base comunitária, onde moradores locais oferecem guias especializados para uma experiência mais rica e imersiva.
Entre as diversas trilhas disponíveis, a trilha do Piquiá se destaca como uma das mais recomendadas. Ela leva os visitantes por caminhos rodeados por árvores gigantes, muitas delas com mais de 100 anos, que formam um teto verde imponente, criando um ambiente único e de total conexão com a natureza. Durante o percurso, é possível contemplar mirantes naturais, de onde se avista a vastidão da floresta, e áreas de cultivo agroflorestal, um tipo de agricultura que respeita o ecossistema local e valoriza práticas sustentáveis, integrando o uso da terra com a preservação ambiental.

8. Conhecer Comunidades Ribeirinhas
Visitar as comunidades ribeirinhas de Alter do Chão oferece uma oportunidade única de vivenciar a vida tradicional da região e mergulhar em práticas culturais autênticas. Cada comunidade mantém um modo de vida profundamente conectado à natureza e às tradições ancestrais, como a pesca artesanal, a produção de farinha de mandioca e o cultivo sustentável da terra.
Ao interagir com os moradores, os visitantes têm a chance de aprender sobre saberes tradicionais, como a confecção de artesanato e a culinária típica, além de participar de atividades cotidianas que tornam a experiência ainda mais enriquecedora. O turismo de base comunitária desempenha um papel crucial na valorização e preservação dessas culturas, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento local.
Essa troca respeitosa e imersiva cria um vínculo significativo, tanto para os visitantes quanto para as comunidades, gerando benefícios mútuos e fortalecendo a identidade cultural da região.
9. Participar da Festa do Sairé
Realizada em setembro, a Festa do Sairé é uma das manifestações culturais mais importantes da região do Baixo Tapajós. Com origens indígenas e influências do catolicismo, a celebração mistura fé, música, dança e simbolismo amazônico em uma programação que movimenta toda a vila de Alter do Chão.
O ritual do mastro do Sairé, enfeitado com frutas e flores, marca o início da festa, que inclui procissões, missas, apresentações folclóricas e o aguardado duelo dos botos — um espetáculo simbólico que encena a disputa entre o boto cor-de-rosa e o tucuxi, personagens míticos da Amazônia.
Mais do que um evento turístico, o Sairé é uma vivência comunitária que fortalece a identidade local e valoriza tradições que seguem vivas geração após geração. Participar da festa é uma forma de mergulhar na cultura amazônica e se conectar com o espírito coletivo de Alter do Chão.

10. Participar de uma Autêntica Piracaia
A Piracaia, que em um idioma indígena significa peixe assado na praia, é muito mais do que um simples nome. É uma celebração tradicional que ocorre nas noites de lua cheia, reunindo a comunidade local ao redor de uma fogueira, na praia, para celebrar a cultura amazônica. Nesses encontros, os participantes compartilham alimentos típicos da região, cantam e dançam ao ritmo da música tradicional, criando uma atmosfera de união e alegria.
Dentro desse contexto cultural, surge a experiência do Pirarimbó, que leva a vivência da Piracaia a um novo nível, abrindo espaço para que os visitantes possam imergir ainda mais profundamente nas tradições amazônicas. O Pirarimbó é um evento que reúne a gastronomia local com a tradicional dança do Carimbó, famosa por seu ritmo envolvente e típico do estado do Pará. A experiência acontece ao redor da fogueira, onde as histórias são contadas, a culinária da região é saboreada, e o carimbó é dançado, criando uma festa vibrante que mistura as raízes culturais da Amazônia com a energia da celebração.
O Pirarimbó é uma oportunidade única para vivenciar a verdadeira essência da Piracaia e da cultura amazônica, em um ambiente acolhedor e imersivo. Ao participar dessa celebração, você não apenas aprecia os sabores e sons da região, mas também se conecta com as tradições locais, em uma experiência que, além de turística, é profundamente transformadora.
Por que conhecer Alter do Chão?
Alter do Chão é mais do que um destino bonito: é uma oportunidade de reconexão com a natureza e com os saberes da Amazônia. Cada experiência vivida aqui convida ao respeito pelas culturas locais e pela floresta. Ao escolher vivências com a Pérola Ecotur, os viajantes se aproximam de um turismo mais consciente, que valoriza a beleza natural e apoia práticas sustentáveis conduzidas pelas próprias comunidades da região.
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